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A VIDA COM GOSTO DE PÁSCOA

 

Gosto de Páscoa é a esperança alegre que nasce da fé. Jesus venceu a morte, está entre nós, partilha conosco sua vida divina e sua felicidade, e, por isso, tudo tem um sentido novo para nós. Pode parecer que a vida é a de sempre, com suas pequenas alegrias e muitas decepções. Mas para nós é diferente. Porque Jesus vive conosco, cada instante tem valor de eternidade, as cruzes são mais leves, as alegrias mais gostosas e duradoras.
Se provamos o gosto da Páscoa, o gosto da ressurreição, ele continuará em nossa vida, como certos gostos fortes que não nos deixam. E toda a nossa vida terá um tempero diferente e mais marcante, daquele sal de Cristo, que afasta a tristeza e o desânimo, faz doce o amargo, e válidas eternamente nossas pequenas e fugazes alegrias.
Quero saborear a Páscoa e a vida.
Pe. flávio Cavalva e Castro

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Quarta-Feira de Cinzas: As cinzas do carnaval e as cinzas da Igreja?

Receber as Cinzas no início da Quaresma não é apagar os pecados e abusos cometidos na festa do Carnaval. Antes, deve ser um compromisso de vivência cristã todos os dias de nossa vida.
 A quarta-feira de cinzas é o fim do carnaval e o começo da Quaresma. Uns rasgam as fantasias. Outros “rasgam o coração”. Se acaso havia relação entre carnaval e cinzas, (pecado e arrependimento), hoje não mais. Uma coisa sucede à outra no calendário por razões históricas. Não há interdependência espiritual. Sempre foi errado pensar que receber cinzas apagaria os pecados e abusos carnais da folia. A religião não é “conta bancária”: créditos e débitos. Findo o carnaval o débito seria bem alto e o rito das cinzas uma espécie de “acerto de contas” com Deus. Talvez haja sim quem aproveite os estertores do carnaval se esbaldando até a quarta-feira e misture as cinzas dos bailes e desfiles com as da Igreja. Seria esse um gesto de sincera conversão ou apenas crendice inútil? Nossa maior desgraça é uma só: afastar-se de Deus e viver de modo incoerente o seu amor. Portanto, nenhum ritual exterior purificará alguém dos gozos e excessos dos dias em que “tudo parecia permitido”.
A imposição das cinzas propõe ao fiel um caminho de conversão interior: o desejo de seguir o Cristo padecente, crucificado e ressuscitado, praticando as virtudes da Quaresma. Tempo que intensifica o empenho constante da conversão cristã. É útil lembrar: na Bíblia converter-se é fazer uma reviravolta completa nas idéias, atitudes, costumes e convivência social. Abandonando interesses egoístas e materiais como critérios de relacionamento com Deus e os outros. A fé cristã – no particular e no social – é busca contínua da verdade, justiça, fraternidade e não um tipo de “quebra-galho” dos problemas, doenças, negócios e angústias. Daí a coerência entre fé e vida. Oração e conduta não podem se contradizer. Pedidos, desejos e propósitos proferidos nos ritos religiosos e em devoções pessoais ligam a doutrina, as convicções da fé e a ética a todas as áreas das relações humanas. Se não houver sintonia entre o que se reza e o que se vive, não haverá conversão nenhuma. Seja lá o rito que se fizer!
As cinzas simbolizam a fragilidade humana e a desgraça que o pecado nos traz com o egoísmo, a ambição, a insensibilidade. Ao recebê-las reconhecemos o que somos. Dependentes do Senhor da vida até para nos amarmos uns aos outros. O homem não tem a explicação de si mesmo e do universo. Em seu anseio mais profundo precisa da fé em Deus. Por isso os profetas atribuíam os males do povo à sua infidelidade com Deus. Diziam que era preciso “rasgar o coração e não as vestes”. O costume de rasgar em público uma parte da roupa era um sinal de penitência, arrependimento e dor. Ao lado desse havia outros ritos exteriores: o jejum, a cinza, a esmola. A Bíblia ensina: não bastam os ritos! É imperioso criar novas relações sociais de justiça, direitos, conduta moral e dignidade coerentes com a santidade de Deus. Rasgar o coração significava então abraçar no íntimo e no social a aliança com Deus e o amor aos irmãos em todas as situações.
Os 40 dias do itinerário quaresmal nos associam mais de perto à Páscoa de Jesus. Passamos por um treinamento espiritual: maior atenção à Palavra de Deus, mais tempo de oração, renúncias pessoais livres para ter o autodomínio sobre as más inclinações e intensificar a prática da caridade (Campanha da Fraternidade).
O carnaval é cinza sem vida. A Quaresma é cinza que produz vida, purificando-nos
Fonte: A12

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UM DEUS TRISTE NÃO É DEUS
 
Quando pensamos em Deus, logo nos lembramos que é todo poderoso, santo, misericordioso, e de tantos outros atributos. Por que será que quase nunca nos lembramos de dizer que Deus é feliz e alegre? É de sua felicidade e alegria, de sua própria vida divina, portanto, que nos quer fazer participantes. Vida, felicidade, amor, verdade, salvação e liberdade não combinam com tristeza.
Os profetas sempre falavam da salvação com toques de alegria. Jesus tantas vezes falou do banquete ou da festa de casamento para os quais somos convidados, não de algum funeral.
De fato, não somos convidados para um conto de fadas, mas chamados para o desafio de uma aventura, que nos faça melhores, mais felizes e mais alegres.
Nosso Deus não é triste. Nem na quarta-feira de cinzas ele pinta a vida de cinzento.

 

Pe. Flávio Cavalca de Castro, CSsR