Cordialidade do povo brasileiro

27/08/2015 10:41

Pe. Maurício Brandolize, C.Ss.R. 

Quando setembro chegar... aí vão chegar também o dia da pátria (7 de setembro) e tantas outras datas comemorativas: Mês da Bíblia para os católicos, o Grito dos Excluídos (décadas atrás bem mais forte do que agora), primavera, diversas paróquias com Festas de Padroeiro/a, etc. Fixemos na data 7 de setembro: Independência do Brasil... O “cordial” (cordis em latim é coração) povo brasileiro, inflamado pelo patriotismo, festejou muitas vezes o fato com ufanismo e alegria, ao som de bandas marciais e fanfarras escolares nos desfiles em homenagem à nação livre. Tempos não tão distantes em muitos lugares apareceram também outras vozes reivindicando a “tal independência” ao som do “Grito dos Excluídos”. Grito pelos três “T” (palavras usadas pelo Papa Francisco falando para o mundo inteiro): “Terra, trabalho, teto”. Quem tem estes “T” e tantas outras posses com tantas outras letras do alfabeto não entende a angústia e o sofrimento do verdadeiro “Grito dos Excluídos”. Inclusive engolem um injusto preconceito contra os empobrecidos e lascados deste país. Se existem entre eles aqueles que não precisam do bolsa família, dos medicamentos gratuitos, das cestas básicas, e de outros benefícios conquistados nos últimos anos, por outro lado existem muitas famílias que vivem hoje de maneira um pouco mais digna. Isso é um fato que o Brasil e o mundo reconhecem... Pode-se questionar, sim, se a pedagogia está sendo favorável para criar cidadãos ou se está aumentando apenas a classe consumista... E na medida em que alcança o estágio de “se alimentar mais, comprar mais”, será que também não começa a aumentar o número daqueles que jogam os pobres no mesmo “balaio” dos preguiçosos e aproveitadores? O povo brasileiro é “cordial”. Do coração brota o amor... mas também tem brotado muito o ódio ultimamente. Por isso, cuidado! Esportistas fanáticos, políticos partidários cegos e religiosos fundamentalistas costumam jorrar (vomitar) ódio do seu “cordial” coração... “Que país é este, que mata gente, que a mí- dia mente e nos consome?”, gritam os excluí- dos. E para encerrar, lembro a Palavra de Deus para este Mês da Bíblia: “Permanecei no meu amor para produzir muitos frutos” (cf. Jo 15, 9-16).

 

Jornal "O Nosso Guia" setembro-2015